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Em edição virtual, Fantaspoa bate 200 mil acessos e celebra produções nacionais
Festival de Porto Alegre conta com mais de 130 filmes disponíveis gratuitamente para assistir online, como o aguardado horror nacional ‘Skull’
O Fantaspoa, tradicional festival de filmes de terror e fantasia de Porto Alegre, está digitalizado. Desde a última sexta-feira, 24, e até o próximo domingo, 2, o evento virtual conta com mais de 130 produções, entre longas e curtas, de 35 países diferentes, disponíveis no streaming Darkflix.
A iniciativa surge após a organização do evento adiar e, posteriormente, cancelar a edição física do evento na capital gaúcha. Afinal, com o avanço da pandemia de coronavírus, os responsáveis pelo Fantaspoa perceberam que seria inviável e perigoso aglomerar pessoas como acontece todo ano.
“O Fantaspoa online está sendo uma saída para a impossibilidade de realização da [edição física]”, diz João Fleck, diretor do evento, ao Filmelier. “É um festival que movimenta a comunidade cinematográfica. Temos festas, palestras, debates. Isso é impossível de levar para o virtual”.
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Mas apesar da aparente tristeza de Fleck com a não realização da edição presencial, os números não poderiam estar melhores. Nos 4 primeiros dias foram 200 mil acessos à Darkflix, com mais de 15 mil views nos filmes. Na edição tradicional são 18 dias de evento e cerca de 11 mil espectadores. “Já tivemos mais espectadores em menos da metade do festival online do que na edição real”, comemora Fleck. No entanto, ele ressalta: “eu não acho que seja viável manter um festival assim, talvez edições híbridas, mas totalmente virtual, quando os cinemas voltarem a funcionar, é bem difícil”.
Catálogo extenso
O que mais chama a atenção nesta edição online do Fantaspoa, e que difere de outros festivais onlines realizados até o momento, é o tamanho do catálogo. Como já mencionado, são mais de 110 produções. São curtas e longas de várias nacionalidades e estilos, a alguns toques do mouse. Dentre os principais destaques, estão filmes como ‘Aviva’, produção que borra os limites de gênero de Boaz Yakin (‘O Internato’, ‘Duelo de Titãs’); o aguardado e comentado terror ‘Zana’, da Albânia, e exibido no Festival de Toronto; e o lindíssimo curta ‘Rebooted’, sobre monstros de outra época. Isso sem falar de produções alternativas e que nunca teriam espaço no cinema brasileiro se não fosse o Fantaspoa. É o caso de ‘Butt Boy’, produção independente sobre um homem que tem um estranho poder de fazer com que pessoas desapareçam em sua bunda. Isso mesmo. Esse é o filme.
‘Skull’ no Fantaspoa
Apesar do grande catálogo internacional, há espaço também para produções brasileiras. Mas a mais aguardada é ‘Skull: A Máscara de Anhangá’, filme que será exibido entre os dias 31 de julho e 2 de agosto no Fantaspoa, após uma passagem elogiada em festivais internacionais. Assim, na trama, o espectador embarca na história envolvendo “A Máscara de Anhangá”, um artefato místico que ressurge em São Paulo, encarnando uma entidade milenar e iniciando uma série de crimes sangrentos. Sobra para uma policial e para o guardião da máscara resolverem a solução. “‘Skull’ é um filme que trata do embate entre o mundo antigo e o mundo moderno”, conta Armando Fonseca ao Filmelier. “São abordados temas como corrupção, desigualdade social, ganância. Traçando um paralelo da realidade do espectador com as cenas inseridas no contexto de terror”. O Filmelier já conferiu ‘Skull: A Máscara de Anhangá’ e as críticas internacionais positivas fazem jus à obra. Com um visual arrebatador e uma história que mistura bem os elementos do noir com o horror, o filme cativa e volta às origens do terror brasileiro, cada vez mais em voga. “Em 2012, estávamos começando a primeira temporada do Cinelab e, no brainstorm dos roteiros dos episódios, havia uma história de serial killer. Assim, foi aí que criei ‘Skull’ visualmente”, conta Kapel Furman, diretor. Depois, o cineasta foi ‘esculpindo’ suas ideias e se valendo de mitologias. “Eu queria fugir da ‘mitologia cristã eurocêntrica’ pelo excesso de mídias que exploram isso. Por outro lado, a América pré-Colombiana possui uma riqueza imensa de mitologias. Por que não fundir tudo isso na criação dessa personagem?”, questiona Furman, responsável pelo visual de ‘Skull’.
Terror brasileiro
Por fim, a expectativa é com a exibição de ‘Skull’ no Fantaspoa e, principalmente, a alavancada de terror no Brasil. Afinal, nos últimos anos, o gênero tem ganho cada vez mais atenção por conta de produções como ‘As Boas Maneiras’ ou, ainda, o cinema autoral de Rodrigo Aragão. “Mesmo com todas as dificuldades que a cultura brasileira está passando, o pessoal continua produzindo e indo atrás para construir um cinema fantástico com autoria e qualidade”, afirma Kapel Furman, que também foi um dos diretores do interessante filme episódio ‘Histórias Estranhas’. E será que esse cinema autoral e independente feito no Brasil, brincando com fantasia e horror, pode sofrer um baque com a crise e a pandemia? “Cineastas que trabalham com cinema de gênero estão [mais preparados para enfrentar este momento], pois já estamos acostumados a trabalhar com limitações”, afirma Fleck, diretor do Fantaspoa. “Acredito que vamos ver, durante bons anos, em todos os gêneros a influência da pandemia”.