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Com ‘Mulan’ e ‘Scooby! O Filme’, venda e aluguel “premium” de filmes ganha força
Preços premium para filmes inéditos ou que ficaram pouco tempo nos cinemas começam a ser testados no video on demand e a expandir atuação no Brasil
Com o prolongamento da pandemia do novo coronavírus e com a impossibilidade de reabrir cinemas, estúdios e distribuidoras começaram finalmente a ver no video on demand uma possibilidade de lucrar. Assim, nas últimas semanas, empresas como Disney, Warner Bros. e Universal fizeram movimentos surpreendentes para o chamado PVOD.
Sigla para “premium video on demand”, o PVOD é a modalidade de venda transacional — ou seja, em que o usuário paga um valor para alugar ou comprar filmes — que está sendo usada para títulos inéditos ou que ficaram pouco tempo nos cinemas. Com isso, paga-se um valor maior do que o rotineiro TVOD, que aqui no Brasil geralmente é de R$ 14,90 para lançamentos.
Escolhas de conteúdo premium
No caso da empresa do Mickey Mouse, a decisão foi a mais inesperada de todas. ‘Mulan’, que tinha estreia originalmente prevista para março de 2020, será oferecido no Disney+ dos Estados Unidos por US$ 29,90. Só vai para os cinemas nos países que estiverem em funcionamento. Já a Warner lançou ‘SCOOBY! O Filme’ no Brasil também após adiamentos, por R$ 49,90.
Isso sem falar das diversas investidas da Universal Pictures durante todo o período de quarentena. Nos Estados Unidos, lançou ‘Trolls 2’ nessa modalidade por US$ 19,99 no aluguel. Aqui no Brasil, enquanto isso, apostou nos menores ‘Emma.’ e ‘A Caçada’ para o PVOD, por R$ 49,90 de aluguel. Isso sem falar do histórico acordo para lançamentos com a AMC.
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“Nos Estados Unidos, por exemplo, o aluguel premium é uma ideia debatida por muitos anos, mas que nunca foi devidamente discutida pela indústria pelo temor de que pudesse afetar os cinemas”, conta o pesquisador de cinema Waldemar Dalenogare Neto, ao Filmelier. “No primeiro momento de crise, a ideia foi resgatada e colocada em prática”.
Efeitos do “premium”
O grande refúgio de distribuidores e produtoras no PVOD se dá, neste início de movimentação, por conta da completa estagnação dos ganhos. Afinal, com os cinemas fechados, nem mesmo as grandes empresas estão conseguindo manter faturamento. A Disney, uma das maiores do segmento, viu uma queda de 40% no faturamento sem filmes e parques. Assim, ao lançar ‘Mulan’ diretamente no digital, a empresa busca retorno de seu investimento feito já há algum tempo — segundo o IMDb, o longa-metragem tem um orçamento de US$ 200 milhões. Precisaria faturar pelo menos o dobro para conseguir pagar todas as contas e fazer a empresa sair do vermelho. Estrear no Disney+ é a saída do momento. “As distribuidoras tinham medo de apostar no vídeo on demand por conta das reações dos exibidores. Mas agora estamos naquele momento ‘matar ou morrer’”, afirma o pesquisador em cinema e novas mídias Stefano Spinelli. “Hoje, o Disney+ está com 60 milhões de assinantes. Se 10% alugarem ‘Mulan’, é uma receita de US$ 180 milhões na mão da Disney”. Para Spinelli, a relação de forças entre cinemas, produtoras e distribuidoras foi intensamente abalado na pandemia. Agora, chegou o momento de grandes redes de cinemas correrem atrás de acordos como o anunciado entre AMC e Universal Pictures. “Se ‘Mulan’ der certo, e tenho convicção de que vai dar certo, o cinema não será mais como antes”, conclui o professor.
Cultura de pagamentos
Além disso, apesar das notícias terem agradado o mercado, e até feito a Disney valorizar quase 10% após o anúncio de ‘Mulan’ e o total de assinantes no Disney+, há ainda uma barreira a ser vencida: a cultura por pagamento de filmes. Nas redes sociais, muitos usuários reclamaram dos valores praticados por Disney e Warner para ‘Mulan’ e ‘SCOOBY! O Filme’. “No Brasil, a luta é para formar uma cultura de consumo on demand. As plataformas digitais mostram-se abertas ao diálogo, com enormes avanços nos últimos anos”, retoma Waldemar Dalenogare Neto ao Filmelier. “A crise deixará, no entanto, um aprendizado enorme: todos precisam de um plano B, uma saída alternativa. E isso deve ser discutido por todos”. Assim, com o fortalecimento do PVOD nos últimos meses, algumas questões importantes precisam ser discutidas e oficializadas pelo setor. “Qual será a janela premium daqui pra frente? Qual será o preço do conteúdo? Lembrando que esta nova experiência não é mais VHS/DVD numa TV analógica. O novo premium do Home Entertainment vem em 4K HDR e consumido em telas OLED”, diz Fabio Lima, diretor executivo da Sofa Digital, agregadora de conteúdo em video on demand que faz parte do mesmo grupo do Filmelier. “Alguns fatores continuam não definidos. Mas serão alterados. Não há mais volta do premium no digital”.